O Começo
Nasci
em fevereiro de 1981. Não é difícil imaginar a euforia que era viver em casa de
rubro-negros na década de 1980, principalmente naquele mágico ano de 1981. Meu
pai ouvia pelo rádio as notícias vindas da Gávea e os jogos do Flamengo,
narrados principalmente por Jorge Cury, na Rádio Globo, ou por José Carlos
Araújo, na Rádio Nacional. Muito se falava daquele time, da beleza e garra
daquela equipe que, em breve, conquistaria o mundo. Em casa, os amigos
conversavam sobre o rubro-negro, longos bate-papos regados a cerveja e
tira-gostos, enquanto eu, o bebê, desfrutava da boa mamadeira, sempre atento a
tudo.
Diz
minha mãe que falei cedo. Comecei a dar as primeiras palavras por volta dos 9
ou 10 meses. Conta que, em dia muito agitado, ela não conseguia me fazer
dormir. Eu desperto, enjoado, criança que luta contra o sono, dei a ela
trabalho demais, até que o cansaço venceu a resistência. Os olhos fecharam e o
corpo relaxou. Fui levado ao berço. Paz no número 457. Porém, não demorou
muito, minha mãe ouviu no quarto um barulho. Pensou desanimada que eu havia
acordado, foi ao quarto pronta para continuar a batalha, mas me encontrou
dormindo. E no sono profundo, balbuciava as primeiras palavras: Zico.
Não
que já não soubessem, mas ali estava declarado oficialmente que mais um
rubro-negro, flamenguista, urubu, molambo e favelado vibraria e sofreria
eternamente pelo clube mais querido e odiado do Brasil.
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